ter, 21 de janeiro de 2020

Gabriel Monteiro, de cinco anos, tem uma admiração gigante pelo trabalho de limpeza urbana. Na casa onde mora, no bairro Aluísio Pinto, em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, ele brinca com o caminhão que ganhou dos pais. Mas o menino pensa em algo maior, no sofá da sala improvisa o serviço de coleta. Com uma cadeira, ele simula a tampa da caçamba arrastando o lixo para dentro do reservatório.

O pequeno falou um pouco de uma das experiências dele. “O caminhão parou de frente a minha casa e eu fiquei coletando lixo, depois puxei a alavanca e fui levado para dar uma voltinha”, disse o menino.

Esse mundo lúdico que Gabriel se diverte, de acordo com a mãe, é desde mais novo. “O caminhão de lixo sempre chamou muito a atenção dele, todo ano pergunto a ele que tema ele quer que faça o bolinho, sempre entre família, aí ele pediu que fosse do caminhão do lixo”, disse a mãe Mariane Suame.

O apreço pelo trabalho dos agentes de limpeza é tão grande, que no último aniversário, Gabriel teve uma festa temática. E contou com uma surpresa, a presença dos trabalhadores. A avó materna mandou uma costureira preparar uma farda igual a dos agentes para ele usar na comemoração. O garoto ficou muito feliz com a surpresa.

O menino poderia ter sido incentivado a sonhar a ser como um médico, juiz, policial, mas a mãe preferiu que ele mesmo entendesse o valor de cada profissão. “As pessoas falam para ele ser pelo menos motorista, porque coletor é voltado ao lixo, ele diz que gosta de ser coletor mesmo”, completou a mãe.

É uma paixão inexplicável. Gabriel ouve de longe o barulho do caminhão do lixo e logo corre para a varanda e acena para os colegas. O garoto faz questão de ajudar a carregar os sacos de lixo da casa. É assim que ele tem a oportunidade de estar perto do que lhe faz bem.

O reconhecimento de uma atividade profissional é o combustível para encarar as adversidades da rotina de trabalho, em algumas situações, até o preconceito. “Vamos levando a vida assim mesmo, é de onde a gente tira nosso sustento. Uma criança desse tamanho já reconhece nosso trabalho, ele está de parabéns”, disse o coletor Adriano Caetano.

“Admiro Gabriel pela pouca idade e já pensando no trabalho”, disse o motorista do caminhão, Paulo Marinho.

Para esses profissionais que enfrentam sol e chuva para deixar a cidade limpa, a ingenuidade de Gabriel vai além do desejo de estar com eles. Apenas cinco anos, Gabriel brinca e sonha diferente de muitas outras crianças do bairro, mas tem consciência que a contribuição dele pode mudar muita coisa.

Do G1 Caruaru e Região!