ter, 14 de fevereiro de 2023

A derrubada pelos Estados Unidos de quatro objetos voadores não identificados (óvnis) que sobrevoavam a América do Norte nos últimos dias levantou preocupações de segurança e acirrou as já tensas relações entre os governos americano e chinês.

No domingo (12/2), os EUA anunciaram que derrubaram o quarto objeto perto do Lago Huron, na fronteira com o Canadá. A ordem veio do presidente americano, Joe Biden.

Por meio de um comunicado, o Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, informou que havia uma preocupação de que o objeto, voando a uma altitude de 6,1 mil metros, interferisse no tráfego aéreo comercial.

O artefato foi detectado pela primeira vez no Estado americano de Montana no sábado, acrescentou o órgão.

O general Glen VanHerck, chefe do Comando de Defesa Aeroespacial, descreveu o objeto como não tripulado, de forma octogonal, e não como uma ameaça militar. Ele foi abatido por um caça F-16 às 14h42, horário local.

“O que estamos vendo são objetos muito, muito pequenos que produzem uma seção transversal de radar muito, muito baixa,” disse ele.

A especulação sobre o que os objetos podem ser se intensificou nos últimos dias.

Em um pronunciamento nesta segunda, o porta-voz de Segurança da Casa Branca John Kirby afirmou que os EUA concluíram que a China tem um programa militar de balões de altitude para coleta de dados de inteligência – ou seja, um programa de balões espiões.

Kirby afirmou que o primeiro objeto é um balão chinês, mas que ainda faltam informações sobre os outros três. Segundo ele, alguns deles caíram no mar ainda não foram recuperados – e só então o governo terá certeza sobre sua finalidade.

Tanto os Estados Unidos quanto o Canadá continuam trabalhando para recuperar os destroços, mas a busca no Alasca foi dificultada pelas condições no Ártico.

Ele também disse que, embora os três objetos derrubados no fim de semana não sejam uma ameaça militar, eles oferecem um alto risco para a aviação civil por poderem causar acidentes.

Um balão espião e três óvnis

Em 4 de fevereiro, um balão chinês foi abatido na costa do Estado da Carolina do Sul depois de sobrevoar os Estados Unidos por dias.

Posteriormente, as autoridades americanas o descreveram como um artefato “espião” e disseram que ele havia sido usado para vigilância.

No entanto, a China negou que o objeto fosse usado para espionagem, alegando que era um dispositivo de monitoramento climático que havia desviado de sua rota.

O incidente acirrou as já tensas relações entre Washington e Pequim.

Desde esse primeiro incidente, aviões militares dos EUA derrubaram três outros objetos “de alta altitude”.

Na sexta-feira (10/2), Biden ordenou que um objeto fosse abatido sobre o Alasca. E no sábado, um objeto semelhante foi abatido sobre o Yukon, no noroeste do Canadá. O quarto objeto foi o que caiu próximo ao lago Huron.

Kirby afirmou que é importante deixar claro a diferença entre o balão espião derrubado há duas semanas e os três objetos destruídos neste fim de semana.

O porta-voz afirmou que o governo dos EUA sabe o que o balão estava fazendo, para onde estava indo e enfatizou que ele era muito maior – capaz de carregar três ônibus escolares – e voando muito alto, a 18 mil metros de altura, bem acima da faixa de aviação comercial.

O país ainda não tem detalhes tão precisos sobre os três outros objetos, que estavam voando em uma faixa entre 6 mil e 12 mil metros de altura.

Além disso, o balão chinês estava claramente sendo controlado e manobrado, enquanto os outros três objetos não tinham sistema de propulsão e estavam se movimentando de forma mais imprevisível.

Embora as autoridades de segurança não afirmem publica e categoricamente que os três objetos também sejam balões, o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, disse que as autoridades de inteligência acreditavam sim que os dispositivos derrubados na sexta e no sábado eram balões de vigilância.

“Eles acham que eram (balões), sim”, disse ele à emissora ABC News em uma entrevista concedida antes da derrubada do quarto objeto. “O ponto principal é que, até alguns meses atrás, não sabíamos sobre esses balões”.

“Provavelmente seremos capazes de montar este balão de vigilância e saber exatamente o que está acontecendo”, completou.

Sem evidência de alienígenas

Embora sejam associados a naves de procedência extraterrestre no imaginário popular, óvnis consistem em qualquer objeto voador que não possa ser imediatamente identificado ou explicado, o que inclui balões meteorológicos, aeronaves militares, veículos privados ou fenômenos naturais.

Antes do pronunciamento de Kirby nesta segunda, a secretária de Comunicação do governo, Karine Jean-Pierre, afirmou que não há nenhuma indicação de que os objetos tenham origem alienígena.

A secretária de Comunicação provocou risadas entre muitos jornalistas ao dizer que adorava o filme ET – O Extraterreste, mas queria assegurar a população dos EUA que não há indicação de seres vindos de outros planetas para a Terra.

Matéria da BBC- Clique Aqui