Na segunda noite do 31º Festival de Inverno de Garanhuns, a cultura reinou numa escala mais pop na Palco Mestre Dominguinhos. A começar pela homenagem prestada à rainha do rock, Rita Lee, sua obra e seu legado. Esse tributo ficou com a banda prata da casa Os Valvulados, que trouxe ao palco seu projeto que celebra a artista falecida neste ano, criado com Rita ainda em vida. Lança-perfume, Esse Tal de Roque Enrow, Mania de Você e tantas outras canções emblemáticas da majestade do rock brasileiro deram as boas-vindas ao público da praça.
A criatividade musical do Agreste também foi bem representada por Erisson Porto. O músico de Caruaru dá continuidade a uma tradição nordestina que abraça o psicodélico e as raízes regionais. Sua apresentação permeou todos os seus álbuns, passando por uma poética engajada socialmente, sempre fazendo questão de comentar o estado das coisas atuais. São tambores que harmonizam com beats, guitarras e cantos que fazem questão de trazer ao público suas referências, do Papagaio do Futuro de Alceu Valença ao Leão do Norte de Lenine, que finalizou sua apresentação, e nas músicas autorais.
E ainda dentro de um cenário de grandes artistas pernambucanos que mergulham nas possibilidades do diálogo entre a verve tradicional regional e as possibilidades abertas pela música global, o Dominguinhos recebeu Lula Queiroga. Acompanhado de sua banda de outros Queirogas, o músico pernambucano deu uma geral em sua trajetória de fortes composições líricas e de arranjos marcantes, que concilia os violões mais calmos com as guitarras mais distorcidas. Não poderiam ficar de fora trabalhos como Atirador, Noite Severina, Tem Juízo Mas Não Usa e Alzira e a Torre, que encerrou sua apresentação.
Logo em seguida, veio o aguardado show do Teatro Mágico. Quando o grupo entoou os primeiros versos de Almaflor, encontrou de cara um público que vibrava e cantava com intensidade suas letras sob a garoa que apenas ensaiava se despedir, mas que sempre voltava. A apresentação, conduzida por Fernando Anitelli, trouxe à Garanhuns a mistura que fez da banda um sucesso nacional, incorporando as artes circenses, da palhaçaria às acrobacias. A Praça Dominguinhos pulou e cantou junto sucessos como Pena, Quando a Fé Ruge, O Sol e a Peneira e Perdoando o Adeus.
Em sua segunda participação no FIG, Anitelli usou e abusou de sua presença de palco para fazer do público se sentir cada vez mais parte do show, estabelecendo uma conexão que o levou a descer do palco para pular junto com sua plateia. A apresentação chegou ao fim com um convidado mais que especial e antigo parceiro da banda, Leoni, que os acompanhou em O Anjo Mais Velho.
Leoni que voltaria ao palco logo em seguida, ao lado de George Israel e seu sax, promovendo um passeio pelo pop e pop rock brasileiro dos anos 80 e 90. O fundador da Kid Abelha fez às honras, trazendo sucessos de nomes como Paralamas do Sucesso, Erasmo Carlos e Cazuza. Mas óbvio que não poderiam deixar de passar pelos sucessos da banda de Israel e pelos sucessos de Leoni. Assim não puderam deixar de fora canções como Eu Tive Um Sonho, Por Que Não Eu?, Lágrimas e Chuva, Garotos e a emblemática Pintura Íntima, que embalou a despedida e levou o público a se recolher sob a insistente garoa que caiu durante todo o show.